A SAD do Aves e a sua sede de verdade desportiva: uma história engraçada, se não fosse real.

10:37

A SAD do Clube Desportivo das Aves anunciou hoje a sua decisão de faltar ao último jogo do campeonato, frente ao Portimonense, de forma a salvaguardar a transparência na luta pela permanência. 

Num comunicado enviado à LUSA, a direcção do Aves refere que, Face dos problemas que vêm afetando o Desp.Aves, com rescisões quase diárias, outras iminentes e jogadores do plantel com vários meses de salários em atraso, que poderão conduzir a novos conflitos laborais, num contexto que vem obrigando a nossa equipa técnica a recorrer a jogadores sub-23 para formar o onze a cada jornada que passa, a administração concluiu que não estão reunidas as condições para salvaguardar a verdade desportiva e a transparência na luta pela permanência na I Liga na deslocação a Portimão.

Com a primeira parte do comunicado podemos referir que o Aves se tem vindo a ressentir com as últimas rescisões dos jogadores e consequente instabilidade na equipa, face à situação de incumprimento salarial. Ora, toda esta questão do incumprimento salarial deve-se única e exclusivamente à discutível gestão da SAD do Aves, pelo que é totalmente legítimo que os jogadores não se sintam respeitados no clube e decidam rescindir o seu contrato com justa causa.

O que não se previa ao ler a parte inicial do comunicado é que a SAD do Aves, única responsável pelo clima de instabilidade que se vive no clube na última época, pretendia pedir à Liga que os pontos de que devia beneficiar o Portimonense por falta de comparência do adversário, não fossem atribuídos.

O Desportivo das Aves vem pedir à Liga que os pontos com o Portimonense não sejam atribuídos, sob pena de ver afetada a verdade desportiva entre os clubes que lutam no fundo da tabela para evitar a descida de divisão.

Ou seja, o Aves não quer que o Portimonense beneficie dos três pontos a que tem direito por falta de comparência do adversário, para não comprometer a verdade desportiva e prejudicar os restantes clubes que lutam pela permanência, a par do Portimonense.

A conclusão que se retira deste comunicado é que, para além de o Aves não confiar claramente na equipa que lhe resta e nos reforços sub-23 a quem se viu obrigado a recorrer, o que demonstra uma enorme falta de respeito pelos atletas associados ao clube, a SAD Avense consegue também desrespeitar o Portimonense Sporting Clube como instituição e como equipa, uma vez que não permite sequer que a formação algarvia possa tentar ganhar os três pontos dentro de campo.

Toda esta situação seria apenas mais uma polémica envolvendo a Liga Portuguesa e o Clube Desportivo das Aves, se o Portimonense não precisasse urgentemente de pontos para se manter na Liga NOS.

Para o Aves, a não comparência no último jogo do campeonato ditaria a subtracção de todos os pontos conquistados até aqui (17), terminando assim a Liga NOS, com uns históricos zero pontos. Sendo indiferente, em termos práticos, a despromoção com 17 ou 0 pontos, o Aves demonstra que, com esta decisão, apenas tem o objectivo de ficar a ver a casa a arder, uma vez que as razões que levaram o clube a ter a alegada falta de condições para jogar, se devem única e exclusivamente ao mesmo.

Ao final da tarde de hoje, e segundo o jornal O Jogo, Estrela Costa, a principal accionista da empresa que detém o Clube Desportivo das Aves, veio referir que, afinal, ainda não é garantido que o Aves não irá a Portimão, mas confirma que apenas solicitou à Liga a não distribuição dos pontos desse jogo.

Ou seja, Estrela Costa conseguiu voltar atrás naquela que era a parte menos má da decisão e manter a parte egoísta e impensável: o Aves pode ir a Portimão, mas o Portimonense, caso vença ou empate, não pode somar pontos.

Convém, por fim, salvaguardar, que nenhum clube é a sua SAD. Quando se fala no Aves, é natural que se fale no Aves que joga na Primeira Liga, no Aves que se vê, mas é também muito importante, sobretudo em casos como este, que se faça a distinção entre a direcção de um clube e aquela que é a parte mais importante do mesmo: os seus adeptos e a sua história. 

Quero acreditar que nenhum adepto do Aves se revê nesta decisão e, por isso, é preciso ter cautela quando se refere que o Aves deve (porque pode, efectivamente) ficar afastado das competições profissionais durante vários anos. 

A direcção do Aves - e todas as outras que têm vindo a desrespeitar a história de um clube - deve sim, arcar com as consequências da sua gestão e das suas decisões, sejam elas quais forem. Os adeptos, esses, não merecem ver o seu clube destruído.
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Porquê?

10:33

Porque há muito mais para além do que se vê. Porque futebol não existe apenas dentro das quatro linhas, e porque a posição numa tabela classificativa é tudo aquilo que não classifica um grande clube.

Não pretendo mudar o mundo, mas desejo dar a conhecer um pouco daquilo que faz o meu. O meu coração só tem uma cor, mas os meus olhos conhecem mais e sabem que há muito para além do que se dá a conhecer.

Porque o futebol é para todos e, acima de tudo, é de todos. Porque futebol sou eu, o teu vizinho benfiquista, a tua amiga sportinguista mas, e principalmente, o teu bisavô do Belenenses e a tua avó do Beira-Mar.
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Como?

10:32

O meu objectivo principal é falar de futebol. Isso passa por dar visibilidade a todos os clubes, em especial aos que mais a merecem: os que não a têm; e por dar voz àqueles que representam o desporto na sua forma mais pura: os adeptos.

Desde posts informativos, entrevistas e reportagens sobre o lado do futebol que poucos dão a conhecer, espero trabalhar um pouco de tudo.

Prometo ser o mais genuína possível, falar essencialmente do que domino em particular, mas procuro aprender muito com as pessoas com quem me for cruzando ao longo deste projecto.

O confinamento permitiu-me tirar da gaveta um projecto que já há muito estava na minha cabeça e trabalhar nele com todo o meu coração.

Espero que gostem disto tanto quanto eu.
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Quem?

10:32

Atrás desta página está uma rapariga que nunca se conformou com o conceito de futebol na sociedade atual:

▪️ora porque é só para rapazes, quando basta uma pequena pesquisa para perceber que o futebol feminino é igualmente desafiador e que o número de mulheres adeptas num estádio aumenta todos os anos;

▪️ora porque só há três clubes em Portugal e os pequenos serão sempre pequenos, quando já provaram vezes suficientes que são capazes de derrotar um grande em futebol jogado e com uma dose extra de humildade;

▪️ora porque o futebol português não é competitivo. esta é a única afirmação que eu aceito como semi-verdadeira, muito pelo que já foi falado acima. o destaque que se dá aos clubes do costume cria uma falsa hegemonia dos mesmos e deita abaixo qualquer hipótese que os clubes "de segunda" possam ter.

Prometo falar sempre desses clubes como se fossem o meu, e também dos outros porque o maior objectivo deste projecto é a inclusividade.

Posto isto, perguntem-me tudo, menos o que é um fora-de-jogo, porque isso é sexista.
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Onde é que já se viu uma rapariga a falar de futebol?

18:46

Ao fim de cinco anos sem o compromisso de escrever publicamente, os textos mudam de registo e faço o que mais gosto: escrever de forma livre e directa, com os olhos cheios de lágrimas e vontade de contar histórias. 

A Inês de há cinco anos gostava de escrever sobre o futebol que via, a de hoje, acrescenta a essa paixão a de falar no futebol que não se vê. Vou estar deste lado a mostrar-vos o que me apaixona e a torcer para que seja o mesmo que a vocês.
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